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Um Sonho.

“Meus olhos eu fecho, mas os seus estão abertos”.

O que importa não é a cara que você a olha,
Nem a posição da sua boca,
Ou sequer, seu possível sorriso de canto de boca.

Ao olhar uma mulher,
Faça-a sentir beijada.
Que seus olhos se cruzem,
E que você penetre no mais fundo de sua alma.
Que ela se sinta invadida,
E que goste dessa invasão.
Que esse desconforto a traga até você.
E que esse seu olhar,
A faça delirar.
A leve, por instantes,
Aonde ela nunca sonhou,
A sensações que ela nunca vivenciou.
A faça sentir a vida.
De uma forma que ela nunca sentiu.
De uma forma única, amada.
Despeje nela todo amor que você nunca sentiu.
(...)...

Comentários

O amor é a grande dança
das vaidades
assumidas

Se impõe sobre quem quer
se sentir único
sentir vida e sentir
o que não é
amor (afinal, por que fazê-la sentir-se amada como nunca antes senão por vaidade? - dela)

o amor é poema de Camões
numa tarde de quinta-feira
na aula de literatura
portuguesa, freguesa

Para Camões o amor
é um desfile de parodoxos
que rimam

é dor que desatina
porque o amor sempre encontra na dor
sua rima pobre

é fogo que arde
porque o ardor - Ai, que dor! -
também rima

Me vale mais um amor que rime
com batuque
ou com ternura
e com amizade
- mais até do que com cópula -
e rime com prazer

O amor que
é liberação de
norepinefrina
dopamina
anfetamina
oxitocina
feniletrilanina e
trigocenina
pelo sistema límbico

Que seja amor a nada
como o amor de Drummond

natural, sem poesia
e se for poesia
que seja de Éluard
e nunca de Gullar
Fernando, excelente texto.

Não fosse tão bom eu teria feito nova postagem, mas deixa como comentário, que seu texto merece o topo.

Grande abraço!

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