Enquanto
aspirante a poeta,
Entre
um suspiro e outro,
Atrevia
a prever o futuro,
E
o custo que esse teria.
E
nesse jogo de inspira-expira,
Respira.
Pira. Inspiração...
Pirava
com o medo da maturação.
O
que o monstro da razão me traria?
Trairia.
Essa era a única certeza.
Anos
treinando a libertinagem da mente,
Do
corpo, dos prazeres e dos amores.
E
a razão era a própria traição do prazer.
Viver
e gozar sempre. Sem fim.
Pensar
sem prazer,
Portanto,
com razão,
Era
tirar do poeta a sua alma,
Sua
primeira inspiração.
Mas,
tal qual a morte,
A
maturidade da razão chegou.
E
se fez presente.
E
tal qual a morte, impôs-se, absoluta.
E
não houve mais nada.
E
todo o prazer que sentia,
Eram
agora inflexões frias,
Rígidas
como o mármore,
Mas
não tão belas.
E
a razão levou o verso,
Escondendo
sob prosa,
Disfarçando-o
em sorrisos,
Em
trechos, desmembrando-o,
Enfraquecendo-o.
Mas...
Poeta
ainda é gente.
E
gente respira.
E poeta respira.
E poeta respira.
Inspira,
expira. (espirra)
Inspiração.
Inspiração
madura, se é o caso.
Que
não me permite falar de amor,
Mas
me permite falo.
E
o falo fala em desejo.
O
desejo que permeia meu sangue,
Que
gela. Coração que para.
Boca que seca. Olhos que brilham.
Língua que sonha com a sua.
Corpo que sua, sonhando suar e soar você.
A
cada dia, a cada vez, em cada olhar que olho você.
Inspiração...
No
dia em que meu corpo enfim tocar o seu,
Sentarei
para te observar.
Vou
gravar cada pedacinho seu na memória.
Esculpir
o mármore de minha razão com suas curvas.
Deixar
o fogo do desejo, mesmo que brega,
Tatuar
seu corpo, seu cheiro, seu seio.
No meu corpo, meu próprio leito.
Einstein,
ao dizer que o tempo é relativo,
Não
pensava sobre o universo,
Sobre
átomos ou leis.
Einstein
fazia sexo.
E no grito do gozo do sexo,
Viu eternizar segundos,
Enquanto
horas passariam voando.
Razão,
peço que venhas.
E
que me abrace, me amadureça.
Que
o sabor de teus frutos sejam ácidos,
Inesquecíveis
e exóticos, apetitosos.
Que
sejam doces, amargos e salgados.
Que
incendeiem a alma, o Thymós.
Que
seja. Que venha.
Que
eu seja, que eu vá,
Viver.
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