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Monólogo de uma Apaixonada.

Antes de começar, queria dizer que é uma honra poder replicar esse texto, de Dois Grandes Amigos Meus. Grandes mesmo. Daqueles que me fazem ver, como sou pequeno, como tenho sempre muito o que aprender.
Obrigado.

“- Bom dia, amor.”
Repousada no peito do amado, ela abre os olhos com um sorriso de quem acabou de despertar de um sonho bom... e pousa-lhe em seus lábios um beijo doce e suave.
“ – Dormi como se não fosse acordar mais, sonhei a noite inteira com você e posso afirmar que você é sempre o meu melhor sonho.”
Sente seus cabelos sendo levemente acariciados e ainda aninhada nos braços dele, ela continua a sonhar, só que agora acordada..
“ – Meu amor, você consegue nos imaginar daqui a alguns anos? Você consegue ver que a nossa vida será sempre essa, de um acordar sempre embalado no abraço do outro...”
“ Você consegue ao fechar os olhos se recordar de tudo o que já passamos?”
Um leve suspiro.
“ – Se lembra da primeira vez que nos vimos? Eu me encantei com o seu sorriso, e você [risos] só sabia ficar fazendo piadinhas.. me encarando profundamente.
“ E nosso primeiro beijo? Inusitado, apaixonado, fervoroso. O engraçado, é que quem ficou com vergonha foi você, me virou as costas escondendo um sorriso.
Eu consigo me recordar da roupa, do corte de cabelo e até de tudo o que conversamos no nosso primeiro encontro.
Você se lembra, amor? Você consegue fazer como eu, que só de fechar os olhos vê toda a nossa história, consegue?
Então, você deve se lembrar do dia do nosso noivado! Foi lindo, né? Nossa família toda reunida, compartilhando nossa felicidade e nos, loucos pelo casamento... Ah o nosso casamento! Acho que foi a única vez que você me deixou totalmente irritada. “Sim, eu sei que você sempre foi do contra, mas me aprontar aquela...”
[risos do companheiro]
“ Foi muito engraçado, mas só para você. Hahá, quem devia chegar atrasada era eu, não você. Admito, foi muito hilário você aparecer do nada, lindo e com aquele sorriso perfeito. Ali eu tive a certeza da minha vida, eu te amava! Obvio, eu amo.
Nossa festa foi linda, nem me fale! Pena que ao invés da minha irmã pegar o buquê, quem pegou foi teu melhor amigo. Do contra de novo.
Nossa lua-de-mel, em vez de Búzios ou Fernando de Noronha, me fez ir pegar caranguejos no mangue. Morria de rir dos meus sustos e da minha incorrigível inabilidade na lama. E naquele dia em que voltei pra pousada com um balde cheio deles logo de manhã e você fingiu que nem sabia que eram comprados? Comemos todos e depois dormimos na praia.
Aliás, foi naquela praia que fizemos nosso primeiro bebê, filho de um amor maluco embaixo dum céu gigante, naquela chuva que não parava nunca. Ninguém além de você iria pra praia num temporal daquele. Além de nós, né, amor? Você me arrastou pra lá, corremos feito duas crianças, amamos como dois bichos, rimos igual a dois bobos. Que dia era aquele? Não sei se era maio ou abril, mas o que importa? Parece que durou uma vida inteira.
Sabe o que encontrei, ontem de noite? As fotos de quando nasceu o Heitor. A cara de contrariedade dos médicos porque você não parava de rir e de fotografar. Lembrei de como eu estava horrorosa e descabelada naquele pijama azul claro e você dizendo que eu era a mulher mais linda do mundo. Você sempre foi um exagerado, mas eu amo isso. Depois o Nícolas, nasceu enorme, quase me matou de dor. Toda vez que você chegava perto da minha barriga ele se revirava e me chutava, louco pra conhecer o pai. Eu preciso confessar, tive até ciúmes. Eu sou boba, eu sei.
Nunca consegui te dar uma menina. Sempre sonhei com isso, acho que queria mais do que você, mas você sempre foi minha desculpa. Até hoje você é a minha desculpa pra acordar sorrindo todos os dias.
Mesmo depois do acidente, mesmo depois que você perdeu a fala e os movimentos das pernas... Sua mãe me disse que, se você pudesse falar, ia dizer pra eu construir uma vida nova, buscar outro homem. Você não me diria isso, não é, amor? Eu sei que não diria.
Meu amor, você consegue nos imaginar daqui a alguns anos? Você consegue ver que a nossa vida será sempre essa, de um acordar sempre embalado no abraço do outro?


Eu te amo, tanto."
Bonnie Tyler - Total Eclipse of the Heart

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Obrigada, M. por ter dado esse toque especial no nosso post. Sabe que sou sua fã.

Marioh e M.

http://arautosdavidamoderna.blogspot.com

Comentários

Paula § Danna disse…
Uau, que fim fabuloso!!

Adorei!
Marioh disse…
Caramba, fiquei lisonjeada de ter um post do meu blog por aqui. Foi um presente, obrigada! *-*
Eu tb sou especialmente pequena ao teu lado, e aprendo muito com vcê. Teadoro, amigo.
;*
=)
Pequeno sou eu.
Se eu pudesse postar e deixar esse texto, ainda, como o primeiro, eu o faria.
=)
Beijos.
Evelyn disse…
Lindo texto! Amor verdadeiro!
Já disse que é uma honra escrever contigo, né, Hannah?

Aliás, acho que levo jeito pra escrever na voz feminina... (modéstia mode off)
Nádya de Sá disse…
Que texto lindo...
Romântico e surpreendente.
Puxa! que final, adorei. Que amor...
Marioh disse…
A honra foi minha Marcus. E queria também escrever com o Fernando! *-*
eu disse Marcus que vcê ia se sair muiiiito bem! :D

E se recorda da nossa conversa sobre teatro né?
eu quero escrever ainda um post sobre aquilo.

beeeijão! *-*

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