O pacato morador de uma pequena
cidade do interior, cansado do silêncio e da mesmice, de comprar o café no
mesmo lugar, e ver todo dia as mesmas pessoas, decidiu-se mudar, rumou a cidade
grande.
Chegando lá, encantou-se com tamanho
fuzuê: era gente pra dar e vender. Tantos prédios, tantas opções Decidiu explorar tudo que podia. Logo depois
de acomodar-se, arrumar emprego, começou: Jamais tomaria café duas vezes no mesmo
lugar, ou duas cervejas no mesmo bar.
Em 6 meses, conhecia grande parte
da cidade, e uma imensidão de pessoas de sorriso e acenos fáceis, cujos nomes
não sabia metade. No trabalho, era famoso pelas indicações de lugares a conhecer,
referência sobre aonde ir, se tornou popular, realizou o que sempre quis: novas
pessoas todo dia, novos lugares todo dia, novas experiências.
Depois de 1 ano, o pacato morador
cansou, a cidade o consumia, sorria a todos no trabalho e nos bares e cafés que
conhecia, estava cheio de conhecidos, companheiros de copos e conexões tão
profundas quanto um cortado no boteco da esquina. Os que iam mais longe, tinham
a profundidade de um copo de cerveja e nomes que duravam uma ressaca, no
máximo.
De repente, estava cansado. O pacato
cidadão sentia saudade da pacatez. De saber o nome do senhor que o atendia, de
perguntar sobre sua filha, sua esposa, e como tá aquele irmão que mudou...
Depois de tanto correr, tanto
lutar, o pacato cidadão sentiu saudade do que sempre teve: a profundidade e
pacatez do lar. Pacato cidadão morava, mas não tinha lar.
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