É que briguei feio, amor. Briguei com as palavras. A gente tinha uma relação legal, sabe? Brincávamos quase todos os dias, o dia todo. Nos embebedávamos um do outro... Mas, de um tempo pra cá, as palavras me traíram (ou eu as traí, não sei.) e fui abandonado. Agora, só me visitam quando apanho, me machuco, sangro.
E se sangro, elas vem como que correndo, num turbilhão, se enrolam em mim, envoltas em meu sangue e brincam de lamber as feridas e me olhar nos olhos, como se quisessem me consolar.
Ah, amor... Que saudade de quando discutíamos as banalidades da vida, e fazíamos joça das presunções, sentidos e sentimentos. Que saudade de escrever sem chorar e ler sem sentir dor.
Ah, amor... que saudade de amar.
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